Operadora de saúde anuncia rescisão unilateral de contratos para tratamento de Transtorno do Espectro Autista, apontando desequilíbrio financeiro e impactando a continuidade do cuidado aos beneficiários
Da Redação
A Amil, uma das maiores operadoras de planos de saúde no Brasil, tomou a decisão controversa de rescindir unilateralmente contratos coletivos específicos para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A empresa justifica a medida pelo desequilíbrio financeiro extremo, com prejuízos acumulados ao longo dos últimos três anos.
Este movimento tem colocado muitos beneficiários em uma posição de grande vulnerabilidade, uma vez que os cancelamentos dos planos foram considerados repentinos, mesmo com avisos prévios. O impacto dessa decisão é significativo, especialmente considerando a já escassa disponibilidade de tratamentos especializados para indivíduos autistas no Brasil.
Lucelmo Lacerda, pesquisador especializado em Autismo e Inclusão, criticou a ação da Amil. Lacerda, que é autista e pai de uma criança autista, destacou em entrevista a importância vital da consistência nos tratamentos para pessoas com TEA. Ele explicou que interromper tratamentos de forma abrupta pode ter consequências devastadoras para o desenvolvimento e bem-estar dos afetados.
“A limitação do acesso aos tratamentos necessários não só agrava as condições de vida dos autistas, como também contribui para o apagamento dos seus direitos e necessidades,” afirmou Lacerda. Ele enfatiza que tais decisões corporativas precisam considerar os impactos humanos envolvidos, não apenas os financeiros.
A situação levanta questões importantes sobre a responsabilidade das operadoras de saúde em garantir a continuidade dos cuidados médicos, especialmente para grupos vulneráveis que dependem de acompanhamento contínuo para melhorar sua qualidade de vida.
Lucelmo Lacerda é professor universitário, historiador, psicopedagogo e pesquisador na área de análise do comportamento. Doutor em Educação pela PUC-SP, com pós-doutoramento no departamento de psicologia da UFSCar e Mestre em História pela PUC-SP.
Também é pesquisador nos campos de Autismo e Inclusão. Angariou 115 mil seguidores no Instagram e 225 mil inscritos no YouTube especialmente com seu trabalho de conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista e quadros assemelhados.
Ele é autor do livro Ensino Religioso na Era da Laicidade? Modelos em Ação no Brasil e lançará, em breve, a obra Crítica à Pseudociência em Educação Especial – Trilhas de uma Educação Inclusiva Baseada em Evidências, onde aborda, também, o autismo.
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