Alinhamento de Hugo Motta com Moraes e Lula pode custar caro para 2026 e é comemorado por aliados

Relação com figuras impopulares como Alexandre de Moraes e Lula gera riscos para a ambição de Hugo Motta na Paraíba

Hugo Motta (Republicanos-PB), eleito presidente da Câmara dos Deputados em fevereiro de 2025 com 444 votos, enfrenta um dilema que pode definir seu futuro político nas eleições de 2026. Seu alinhamento com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ambos em baixa popularidade, é visto como uma faca de dois gumes. Enquanto aliados de Motta na Paraíba, como setores do Republicanos e da base de João Azevêdo (PSB), comemoram a possibilidade de uma “derrocada” que o afastaria de uma vaga majoritária (governo ou Senado), analistas alertam que essa associação pode minar suas chances em um estado onde a polarização nacional reverbera. Mas até que ponto esse cálculo se sustenta?

Motta construiu sua ascensão na Câmara com uma aliança ampla, unindo PT e PL, o que lhe deu musculatura para suceder Arthur Lira (PP-AL). Desde então, sua postura tem sido marcada por gestos de harmonia com o governo Lula — que enfrenta 55% de desaprovação (CNT/MDA, fevereiro de 2025) e reprovação de quase metade do Congresso (Ranking dos Políticos, março de 2025) — e por uma relação discreta, mas notada, com Moraes. O jantar com o ministro do STF na semana passada teria selado um alinhamento, e a partir daí Motta começou a evitar pautar temas caros à direita, como a anistia do 8 de janeiro, agradando o STF. Essa percepção é reforçada por sua votação alinhada ao PT em 91% das vezes desde 2023.

Na Paraíba, esse cenário é um prato cheio para adversários dentro e fora do Republicanos. Adriano Galdino (Republicanos), presidente da ALPB e pré-candidato ao governo, já admitiu abrir mão de sua postulação se Motta disputasse, mas aliados do deputado estadual veem na impopularidade de Lula e Moraes uma chance de neutralizar o presidente da Câmara. “Hugo está se queimando com Brasília enquanto a gente cresce aqui”, dizem fontes próximas a Galdino, que celebram a possibilidade de ele se enfraquecer para 2026. O mesmo vale para nomes como Efraim Filho (União Brasil), que não descarta apoiar Motta, mas pode se beneficiar de um eventual desgaste do colega.

O risco é real. A Paraíba, embora historicamente alinhada ao PT em eleições presidenciais, tem mostrado sinais de fadiga com o lulismo — em 2022, Lula venceu com 66%, mas o bolsonarismo cresceu nas urnas locais. Associar-se a um Lula rejeitado por 55% dos brasileiros e a Moraes, figura central na polarização por decisões como as do 8 de janeiro, pode alienar eleitores conservadores e até moderados que Motta precisaria para uma candidatura majoritária. Sua família, influente em Patos, e os 158 mil votos de 2022 como deputado mais votado do estado são trunfos, mas analistas preveem que “fechar acordos com Lula” pode custar sua base na direita paraibana.

Por outro lado, Motta tem cartas na manga. Como presidente da Câmara, ele controla a pauta legislativa e pode direcionar recursos federais à Paraíba, fortalecendo sua imagem local. Sua habilidade de articulação, elogiada até por adversários, pode ajudá-lo a navegar entre a impopularidade de Lula e Moraes e as demandas do eleitorado. Ainda assim, o cálculo é arriscado: em um estado onde Romero Rodrigues (Podemos), Efraim Filho, os Cunha Lima e o bolsonarismo ganham terreno, qualquer deslize pode ser fatal. Para os aliados que torcem por sua queda, a festa já começou — mas 2026 dirá se Hugo Motta será vítima de suas alianças ou se conseguirá transformá-las em degraus.

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