Campo Grande (MS) – Se o que engorda a criação é o olho do dono, muitos agricultores seguem bem essa premissa em Mato Grosso do Sul. Isso, porque mesmo cautelosos diante da instabilidade econômica do País, a agricultura familiar como um todo mantém um bom ritmo de trabalho e, só na última safra, injetou R$ 224.308, 00 milhões em crédito rural no Estado, por meio do Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.
Do valor total aplicado pelos 79 municípios sul-mato-grossense, R$ 118 milhões foram para custeio (aquisição de sementes, medicamentos e ração para animais, etc), e R$ 105 milhões investimentos (melhoria direta nas propriedades – recuperação de pastagens, compra de animais ou equipamentos, construção ou reforma de armazéns, por exemplo).
O diretor-presidente da Agraer, Enelvo Felini, ressalta a importância do Pronaf como sendo um instrumento essencial na expansão das atividades agrícolas e pecuárias, com condições de prazos, juros e carências que caibam no bolso dos produtores rurais. “Além da formulação do documento, a Agraer oferece serviços de Ater [Assistência Técnica e Extensão Rural] para os produtores. Tudo para que eles possam aplicar o dinheiro de maneira correta e que traga um saldo positivo na produção. É esse saldo que vai dar renda as famílias rurais e condições para que o financiamento seja honrado no banco, evitando as inadimplências”, afirma.
O balanço definitivo do crédito rural aplicado em Mato Grosso do Sul, safra 2015/2016, só sairá no final deste mês. Mas, pelo que tudo indica, conforme os dados do Banco Central (BCB) – Departamento de Regulação, Supervisão e Controle das Operações do Crédito Rural e Proagro (Serop), os cinco municípios que lideram o ranking no Estado são: Dourados (R$ 25 milhões), Fátima do Sul (R$ 9 milhões), Itaporã (R$ 8 milhões), Deodápolis (R$ 7,885 milhões) e Ivinhema (R$ 7,750 milhões).
A razão dessa mudança se dá em chácaras como a do senhor Nivaldo Lopes. Há 12 anos tirando o sustento da própria terra, o agricultor conta com orgulho as conquistas alcançadas com o crédito rural. “Já é o quarto Pronaf que acesso. O último, eu comprei três vaquinhas para melhorar o rebanho. Se Fátima do Sul está se destacando, acredito que é porque o povo está acreditando no programa, crescendo e conseguindo pagar”, afirma.
Assistido pela Agraer e com acesso ao Pronaf, Nivaldo e a esposa, Mariana, educam os dois filhos adolescentes, José Vitor e Maria Letícia, com a renda que tiram da produção de leite e do plantio de soja e de milho.
“Dedico 4,2 hectares para o gado e 7,26 hectares para os grãos. Produzimos queijo e mexemos um pouco com mel. Com nosso trabalho e assistência já conquistamos carpineiras, ordenhadeiras e um resfriador. O juro do Pronaf é baixinho e isso ajuda. Se fosse pegar direto de um banco seria alto e juntar dinheiro para pagar três mil ou seis em animais, por exemplo, pesa no orçamento”, justifica.
Já Dourados lidera o pódio há pelo menos 12 anos. Com a segunda maior população do Estado, a cidade conta com cerca de 212.870 habitantes, destes 14.982 vivem no campo. “Além do aspecto populacional, acredito que o motivo de Dourados estar sempre entre os primeiros do ranking é devido ao serviço de assistência técnica efetiva e permanente junto aos produtores rurais e suas famílias. A qualidade e o bom atendimento do serviço prestado auxilia nesta troca de informações com os produtores”, avalia o coordenador municipal da Agraer de Dourados, Mauro Pelegrini.
No dia 1º de julho, foi anunciada a liberação de R$ 241 milhões para a agricultura familiar. Valor esse que está incluso no montante de R$ 5,19 bilhões do Plano Safra 2016/17. “Dos R$ 282 milhões liberados para Mato Grosso do Sul, R$ 224 milhões foram movimentados de fato no Estado. Este ano, a União reduziu os investimentos, creio que pelo cenário econômico atual. Contudo, queremos movimentar a maior quantia possível do que foi aprovada”, declara Felini.
E para isso a Agraer, autarquia do Governo do Estado, conta com uma equipe de 330 servidores (zootecnistas, engenheiros agrônomos e agrimensores, veterinários e técnicos agrícolas e pecuários) que atuam da porteira para dentro das pequenas propriedades. “O atendimento é realizado durante todo ano, diretamente com as famílias, realizando visitas mensais, dias de campo, workshop, seminários e reuniões. Orientamos em todos os aspectos da produção: preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita, comercialização e social incentivo na participação em feiras e exposições agropecuárias”, detalha Pelegrini.
“O beneficio do Pronaf, é que o recurso adquirido pelos produtores fica no comércio local, gerando riqueza para os municípios. Além da segurança financeira através da garantia do preço mínimo e do seguro pelo Proagro Mais. Existem também programas como PAA [Programa de Aquisição de Alimentos] e PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar] que incentivam o aumento da área e produção. Assim, a produção da agricultura familiar é consumida, também, nas escolas das cidades e pelos próprios filhos dos agricultores familiares”, lembra Pelegrini.
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