Especialistas tiram dúvidas e falam sobre o tema
Trombose é a formação de coágulo dentro de um vaso, levando ao “entupimento” deste. Existem alguns fatores de risco que podem aumentar a chance de se formar esse coágulo, como, por exemplo, viagens longas, internações hospitalares, pós-operatórios de cirurgias e agora, recentemente, a COVID-19, porque a doença promove anormalidades na coagulação.
Devido a estudos publicados ao redor do mundo sobre o novo coronavírus que confirmaram o aumento de alguns eventos adversos, entre os quais a trombose, também observada após a aplicação da vacina AstraZeneca/Oxford contra a Covid-19, levantou-se a preocupação quanto aos cuidados e à imunização na população em geral.
“É importante lembrar que não houve nenhum evento tromboembólico relacionado às demais vacinas disponíveis no Brasil e, ainda, que o risco do desenvolvimento de tromboses em pacientes infectados com o novo coronavírus é muito superior que as chances de incidência da doença pela vacinação”, explica a dra Dania Abdel Rahman, infectologista do Hospital Albert Sabin de SP (HAS).
“Isso porque a trombose é um evento muito relacionado à COVID-19. Devido ao processo inflamatório sistêmico causado pelo vírus, que predispõe à formação de trombos, observa-se nos pacientes portadores de Covid-19 uma prevalência muito maior de trombose do que na população geral”, completa Dania.
Apesar de não existir relação específica do surgimento de fenômenos tromboembólicos com determinadas comorbidades, grupos como gestantes e puérperas estão mais propensas a desenvolver trombose, caso tenham COVID-19, pois, a gestação e o puerpério são condições que, por si só, favorecem a doença.
A cirurgiã vascular e endovascular do Consulta aqui (Grupo HAS), dra. Amanda Abe, explica que já havia a percepção do aumento do número de casos de trombose venosa profunda (TVP) em pacientes com diagnóstico de COVID-19 e, recentemente, um estudo publicado confirmou esse aumento em torno de 14,8%.
“Pessoas com doenças genéticas que levam ao aumento do risco de trombose uso de anticoncepcionais ou reposição hormonal que contenham estrógeno, tabagismo, gravidez, mobilidade reduzida (internações hospitalares, pós-operatório de cirurgias, viagens longas, uso de gesso), idade avançada, câncer, história de TVP prévia, entre outros são fatores que contribuem para essa maior incidência”, comenta a médica.
“Trombose é uma condição em que se formam coágulos nas veias profundas do corpo, geralmente nas panturrilhas ou nos quadris. Os coágulos podem se espalhar e atingir os pulmões, o que pode ocorrer de modo silencioso e, muitas vezes se observa dor no peito, falta de ar repentina, batedeira no coração e até tosse com sangue. É a Embolia”, explica dr. Paulo Salles, pneumologista do Consulta Aqui.
Médicos e pesquisadores acreditam que o coronavírus desencadeia um enorme descontrole nas células de defesa que reagem como loucas, agredindo o que tiver pela frente, inclusive os vasos sanguíneos. Uma vez que o vaso foi inflamado pelas próprias células de defesa, o organismo precisa resolver o problema e deflagra a coagulação. Os vasos se enchem de elementos de reparação e de cicatrização como as plaquetas que, nesse estado anormal de coagulação, começam a entupir os vasinhos dos pulmões. “A pessoa sente a falta de ar, as dores no peito, acelera o coração, porque o tecido normal do pulmão ficou impedido de fazer as trocas gasosas que são vitais para podermos respirar. Cerca de um terço das pessoas internadas nas UTI’s do Brasil desenvolvem esses problemas”, relata Salles.
A presença de manchas nos pulmões chamadas de “vidro fosco” podem ser vistas na tomografia computadorizada de tórax, e denunciam a presença do coronavírus nos pulmões. Tomografias com o uso de contraste podem indicar se há ou não entupimento de vasos importantes da circulação pulmonar.
“O tratamento é realizado com anticoagulantes, oxigênio, antibióticos e corticoides, entre outros. Fisioterapia respiratória, aparelhos especiais para ajudar na respiração como ventiladores mecânicos e ventilação não invasiva são empregados com frequência. Portanto, ao menor sintoma, é muito importante consultar seu médico e fazer o devido acompanhamento”, finaliza.
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