Cabo Gilberto e Wellington Roberto são os únicos da Paraíba a apoiar investigação de fraudes bilionárias no INSS

Apenas dois deputados federais da bancada paraibana — Cabo Gilberto Silva (PL) e Wellington Roberto (PL) — assinaram o requerimento protocolado nesta quarta-feira (30), para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados destinada a investigar fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Com 185 assinaturas no total, a CPI, liderada pelo deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), visa apurar desvios de R$ 6,3 bilhões em descontos não autorizados de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024, conforme relatório da Controladoria-Geral da União (CGU). A baixa adesão da Paraíba levanta questões sobre a posição do estado em um escândalo nacional. Por que tão poucos?
Cabo Gilberto, líder bolsonarista e pré-candidato ao Senado em 2026, e Wellington Roberto, veterano do PL, alinharam-se à oposição, que vê na CPI uma chance de pressionar o governo Lula, com desaprovação em alta. “É um roubo contra os mais vulneráveis. Vamos identificar quem lucrou”, declarou Cabo Gilberto.
A investigação foca em sindicatos e associações, como o Sindnapi, ligado a Frei Chico, irmão de Lula, que teve repasses 564% maiores entre 2020 e 2024 (Estadão, 29/04/2025). O caso já derrubou o presidente do INSS, Alessandro Stefanuto, e seis servidores, além de colocar o ministro Carlos Lupi (PDT) na mira.
A ausência de outros paraibanos, como Hugo Motta (Republicanos), presidente da Câmara, e os deputados do PP e PSB, aliados de João Azevêdo, sugere cautela ou divisão política. Motta, que decidirá sobre a instalação da CPI, enfrenta pressão por sua proximidade com Lula e Alexandre de Moraes, o que pode afastá-lo de pautas bolsonaristas.
A bancada governista, com 25 assinaturas do União Brasil e 17 do PP, apoiou a CPI, mas na Paraíba, a base de Azevêdo parece evitar o confronto direto, possivelmente para não desgastar a campanha de Cícero Lucena ou Lucas Ribeiro em 2026. “A investigação já está com a PF. Uma CPI agora é politicagem”, disse um assessor do PSB em off para o NBN Paraíba.
A Paraíba, onde descontos indevidos também atingiram beneficiários, poderia ter maior protagonismo, mas a oposição local, liderada por Romero Rodrigues (Podemos) e Efraim Filho (União Brasil), ainda não se manifestou com força. Com apenas Gilberto e Roberto na linha de frente, a CPI reflete a polarização estadual: de um lado, o bolsonarismo busca capital político; de outro, a base governista joga na retranca. Se instalada, a CPI pode expor mais detalhes do esquema — ou virar palco de embates eleitorais antecipados.

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