Como a plástica trata e aborda o lipedema

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o Lipedema como uma doença e a condição crônica foi incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), considerada uma referência global para identificação da categoria

O Lipedema tem sido uma queixa bastante assídua nos consultórios, majoritariamente atinge às mulheres, e cerca de 10% delas apresenta a doença na idade adulta. Apesar de o problema também afetar a autoestima feminina, abrange muito além de demandas estéticas.

Isto se deve ao fato de quem tem a doença sofre frequentemente com acúmulo de gordura, inchaço, dor, sensação de queimação, hematomas, sensibilidade ao toque e desconforto ao apalpar a região. Existem vários estágios da doença e a condição se caracteriza pelo acúmulo anormal e progressivo de gordura em locais do corpo, sobretudo pernas e quadris, podendo se estender a áreas como glúteos e joelhos. Na maioria das vezes é bastante acentuada a desproporção entre a parte inferior e superior do corpo e, em alguns casos motiva ou acelera o surgimento de problemas emocionais graves, uma vez que pode estimular o desenvolvimento de quadros de ansiedade e depressão.  Além disso, comumente com o decorrer do tempo traz dificuldades na mobilidade física, que fica comprometida devido à intensa sensação de peso ou cansaço nas pernas, o que acarreta danos à qualidade de vida.

Geralmente é indicado um tratamento multidisciplinar que envolve desde a mudança na dieta alimentar, prática de exercícios, terapia de compressão, drenagem linfática, interrupção de terapias hormonais e procedimento cirúrgico. No entanto, é fundamental ressaltar que o Lipedema é uma doença e precisa, portanto, do acompanhamento de especialistas para o controle clínico.

O cirurgião plástico André Eyler, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica  e  da  American  Society  of Plastic  Surgeons,  explica que o Lipedema normalmente é confundido com excesso de celulite, obesidade ou linfedema. “Essa doença do tecido adiposo apresenta a proliferação e inflamação das células do tecido adiposo das extremidades superiores ou inferiores. Isto é, envolve um acúmulo patológico e gradual de células de gordura. Mas, o resultado das células de gordura é desencadeado por fatores genéticos e hormonais e, ainda associado a problemas circulatórios e retenção de líquidos. Lembrando que uma alimentação rica em carboidratos, açúcar, carne vermelha, processados e bebida alcoólica agravam mais o quadro”, afirma o médico.

De acordo com o Dr. Eyler, a lipoaspiração tumescente é o procedimento cirúrgico mais recomendado, que possibilita  retirar as células de gordura anormais.  “A lipoaspiração para tratar o Lipedema não é uma cirurgia de cunho estético, porque o objetivo central é a solução efetiva contra a dor e a tensão na articulação causada pela condição física. O compartimento com muita gordura vai acumulando linfa, o líquido que integra o sistema linfático, e o retorno venoso se torna inadequado, o que sugere que existe em alguns casos também o linfedema. Já a intervenção corrige estes pontos e melhora significativamente a mobilidade” destaca.

O especialista assinala que a lipoaspiração tumescente, técnica minimamente invasiva, é aplicada com infiltração de solução salina com anestésico e adrenalina na região com o Lipedema, que ajuda a diluir a gordura e facilita deste modo a sua remoção feita através de cânulas finas. Pode ser aplicada no estágio inicial, moderado ou avançado da doença e traz um efeito duradouro. Além de agir no tópico mais importante, ou seja, reduzir sintomas como dores, hipersensibilidade e peso nas pernas, a paciente ainda recupera o contorno corporal e permite que elas se sintam mais confortáveis e satisfeitas em suas próprias peles.

“O uso também de infiltração anestésica tem ação em proporcionar menor perda de sangue e menos trauma. A resposta endócrino-metabólica ao trauma cirúrgico é baixa, especialmente pelo bloqueio de transmissão da dor para o cérebro, assim como o anestésico age como um importante antiinflamatório. Tudo isso resulta em menos edema, dor e desgaste do organismo”, acrescenta.

O diagnóstico do Lipedema para a comprovação médica precisa de uma avaliação clínica, exame físico e o histórico detalhado do paciente e dos sintomas. “Os exames de ultrassom, ressonância magnética e testes de função linfática completam  o  diagnóstico e  a  gravidade  da condição crônica”, finaliza o cirurgião plástico.

Serviço:

Instagram @dr.andreeyler

Seja o primeiro a comentar on "Como a plástica trata e aborda o lipedema"

Faça um Comentário

Seu endereço de email não será mostrado.


*