ALPB aprova Alanna Galdino para o TCE-PB, filha do atual presidente da Assembleia Legislativa

Assembleia Legislativa da Paraíba escolhe filha de Adriano Galdino como conselheira do Tribunal de Contas com 31 votos

Nesta terça-feira (18), a Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) aprovou, com esmagadora maioria, a indicação de Alanna Galdino para o cargo de conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB). Em uma votação secreta conduzida pelo deputado Felipe Leitão (PSD), relator do processo e vice-presidente da Casa, Alanna recebeu 31 votos favoráveis e apenas um contrário, de um total de 32 parlamentares presentes.

O presidente da ALPB, Adriano Galdino (Republicanos), pai da indicada, absteve-se de votar, enquanto os deputados Hervázio Bezerra (PSB) e Gilbertinho (União) faltaram à sessão, e Eduardo Carneiro (SD), participando remotamente, não teve direito a voto. Agora, cabe ao governador João Azevêdo (PSB) formalizar a nomeação. Mas o que essa escolha representa para a política paraibana?

Alanna Galdino, advogada e médica em formação, torna-se a primeira mulher a ocupar uma vaga no TCE-PB, assumindo o posto deixado pelo conselheiro Arthur Cunha Lima, aposentado compulsoriamente em 2024. Sua indicação, aprovada por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na véspera, dia 17, foi impulsionada por um apoio quase unânime de 34 dos 36 deputados estaduais, refletindo a força política de seu pai, Adriano Galdino, um dos principais articuladores da base governista.

No currículo apresentado, Alanna destaca graduação em Direito, uma pós-graduação em licitações e 11 anos como funcionária comissionada na Secretaria de Planejamento do Estado, mas críticos questionam se sua experiência atende aos rigorosos requisitos constitucionais para o cargo, que exige notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos ou administrativos.

A votação relâmpago e o consenso em torno de Alanna reacendem o debate sobre nepotismo e influência familiar na política da Paraíba. Enquanto aliados celebram a eleição como um marco histórico de representatividade feminina, opositores apontam para o peso do sobrenome Galdino. “É uma demonstração inequívoca da capacidade de articulação de Adriano”, dizem apoiadores, mas vozes dissonantes, como as ouvidas em redes sociais, criticam a escolha de uma figura sem experiência consolidada em fiscalização de contas públicas, sugerindo que o processo foi mais político do que técnico. O único voto contrário, do deputado Wallber Virgolino (PL), reforça essa percepção de resistência isolada frente a uma máquina bem azeitada.

Para o governo João Azevêdo, que deve sancionar a nomeação, o caso é um teste delicado. O governador, que já enfrenta denúncias como o caso Padre Zé, manteve-se neutro, afirmando que a indicação “é assunto da Assembleia”. A decisão da ALPB, contudo, pode fortalecer a aliança com Adriano Galdino, cotado para disputar o governo em 2026, mas também abre flancos para a oposição, liderada por nomes como Romero Rodrigues (Podemos) e Efraim Filho (União), explorar o discurso de favorecimento. O TCE-PB, responsável por fiscalizar os recursos públicos do estado, ganha uma conselheira jovem — Alanna tem 35 anos, idade mínima exigida —, mas sua atuação será observada de perto em um cenário político já polarizado.

A posse de Alanna Galdino, ainda sem data definida, marca um novo capítulo na história do TCE-PB. Se por um lado representa um avanço na diversidade de gênero na corte, por outro levanta questões sobre os critérios de escolha para um cargo tão estratégico. À Paraíba, resta esperar para ver se a nova conselheira honrará o posto com independência ou se o peso da influência paterna falará mais alto.

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