Pesquisa revela que 49,1% dos deputados e 46,2% dos senadores veem governo Lula como ruim ou péssimo, refletindo crise de articulação

A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta um revés significativo no Congresso Nacional, conforme aponta levantamento do Ranking dos Políticos divulgado nesta quarta-feira (12). Quase metade dos parlamentares — 49,1% dos deputados federais e 46,2% dos senadores — considera o governo ruim ou péssimo, números que reforçam a percepção de desgaste político em um momento crítico do terceiro mandato de Lula. Com apenas 28,2% dos deputados e 30,8% dos senadores avaliando a gestão como ótima ou boa, o Planalto vê acender uma luz vermelha a menos de dois anos das eleições municipais. O que explica essa rejeição?
A pesquisa, realizada entre 11 e 12 de fevereiro com 110 deputados de 18 partidos e 26 senadores de 11 siglas, expõe uma crise de relacionamento com o Legislativo. Para 64,5% dos deputados, a articulação do governo com a Câmara é ruim ou péssima, enquanto 53,8% dos senadores compartilham dessa visão. A troca recente na pasta de Relações Institucionais, com Gleisi Hoffmann (PT), parece não ter surtido efeito imediato para reverter o quadro. Lula, em discurso durante o lançamento do crédito consignado privado, declarou que “não quer mais distância” dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mas os números sugerem que o esforço de reaproximação ainda não convenceu os parlamentares.
O desgaste não é novidade. A desaprovação popular já vinha crescendo — a CNT/MDA de fevereiro mostrou 55% de rejeição entre eleitores —, e agora se reflete no Congresso, onde a base aliada enfrenta dificuldades para aprovar pautas estratégicas. A rejeição entre deputados e senadores é ainda mais preocupante quando se considera que 50% dos deputados e 46,2% dos senadores apoiam a tramitação do projeto de anistia aos condenados pelo 8 de janeiro, uma proposta que vai contra os interesses do governo e evidencia a força da oposição. Enquanto isso, a aprovação do ministro Fernando Haddad (Fazenda) é tímida: apenas 30% na Câmara e 46,2% no Senado, sinalizando que nem a gestão econômica escapa das críticas.
Para críticos, o governo Lula patina em promessas como a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, adiadas por resistências no Congresso, e enfrenta uma oposição mais organizada, liderada por nomes como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e o PL de Jair Bolsonaro. Já os aliados do presidente atribuem o cenário a “fake news” e à dificuldade de comunicar avanços, como o PIB em alta e o desemprego na mínima histórica. Lula, aos 79 anos, insiste em desmascarar mentiras, mas a percepção negativa no Congresso sugere que o problema vai além da narrativa.
Com as eleições de 2026 no horizonte, o governo precisa reverter essa curva. A reprovação de quase metade dos deputados e senadores não é só um número — é um termômetro da fragilidade política que pode custar caro ao PT. Resta saber se Gleisi e a nova estratégia de Lula conseguirão trazer o Legislativo de volta ou se o Planalto continuará refém de um Congresso dividido.

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