Análise: O dilema de João Azevêdo e a pressão de Lula

Governador da Paraíba enfrenta pressão do governo Lula para apoiar candidatos do Centrão na sucessão estadual, enquanto cogita mudança de partido para assegurar sua candidatura ao Senado

O governador João Azevêdo (PSB) encontra-se em uma encruzilhada política ao se aproximar das eleições de 2026. A pressão do presidente Lula, interessado em garantir uma maioria no Senado para a defesa de seus ministros no STF, coloca Azevêdo em uma posição onde ele pode ter que abrir mão de comandar a articulação para seu sucessor, favorecendo candidatos do Centrão.

Para Lula, o controle do Senado é mais importante, o que o leva a considerar ceder governos estaduais ao Centrão, e a Paraíba pode ser uma dessas concessões. Adriano Galdino (Republicanos), presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, já interpretou essa movimentação. O seu vice-governador, Lucas Ribeiro (PP), que pertence a uma das famílias políticas mais tradicionais da Paraíba e também alinhado com o Centrão, também quer aproveitar a oportunidade.

Além deles, outros nomes do Centrão como Efraim Filho (União Brasil), Hugo Motta (Republicanos) e Cícero Lucena (Progressistas), da centro-direita com Romero Rodrigues (Podemos), e da direita como Marcelo Queiroga (PL) são mencionados como potenciais candidatos ao governo. No jogo, ainda estão nomes dos Cunha Lima, como Bruno e Pedro, ambos em partidos de centro.

A história recente de João Azevêdo com mudanças partidárias não é novidade. Após sair do PSB em 2019 devido a desentendimentos internos, incluindo a intervenção do partido sob influência de Ricardo Coutinho, ele filiou-se ao Cidadania. Retornou ao PSB para disputar a reeleição em 2022, mostrando sua flexibilidade e adaptabilidade ao cenário político.

Agora, Azevêdo não descarta uma nova mudança, possivelmente para se livrar da pressão de Lula e retomar o controle sobre seu futuro político. O PSB, por sua vez, já expressou descontentamento com a trajetória de Azevêdo, chamando sua saída anterior de “ato de traição”. Em nota, o PSB pediu na época desculpas por tornar João Azevêdo seu candidato ao governo e afirmou que sua saída foi um ato de traição que não surpreendeu, pois o governador transformou seu desejo de reeleição em obsessão.

A escolha de João Azevêdo será decisiva. Aceitando as condições impostas por Lula, ele poderia garantir um caminho mais tranquilo para o Senado. No entanto, resistir a essas pressões pode complicar significativamente sua situação política, afetando não só sua candidatura, mas também sua influência no estado.

João Azevêdo está em um ponto crítico onde cada decisão pode moldar seu legado e influenciar o futuro político da Paraíba. A pressão de Lula, beirando a chantagem, adiciona uma camada de complexidade a uma já intrincada teia de alianças e rivalidades partidárias. Seja mudando de partido ou negociando alianças dentro do PSB, Azevêdo terá que equilibrar suas ambições com a realidade do jogo político nacional e local.

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