Opinião: João quer Romero em Campina Grande em 2024 e longe do governo em 2026

Sem nome forte para a disputa, estratégia governista e tirar o parlamentar da eleições de 2026 e facilitar a vida do seu grupo político

O filósofo chinês Lao Tsé ensinava: “Mantenha os amigos sempre perto de você e os inimigos mais perto ainda”. Inimigo é uma palavra pesada, mas podemos substituir por adversário político. E a máxima fica valendo para as articulações visando as eleições de 2024 e 2026.

O deputado federal Romero Rodrigues (Podemos) é sim adversário do governador João Azevêdo (PSB). E é conhecido pela sua boa educação e convivência com os diferentes. João Azêvedo também é um político polido e educado. Isso facilita as conversas e os cumprimentos. Foi assim na noite desta sexta (18), quando se encontram em um evento social.

Mas não se pode deixar enganar. Não passa disso. Sem candidato forte para disputar a Prefeitura de Campina Grande contra Bruno Cunha Lima, João e seu grupo tenta seduzir Romero a romper com o prefeito e ser candidato.

A estratégia não trata apenas de exterminar os Cunha Lima da política. Também visa tirar Romero da disputa ao governo em 2026. E Romero sabe disso.

O grupo governista tem duas fraquezas e uma carta na manga para a sucessão no governo. A primeira fraqueza é que não tem candidato forte, competitivo e que empolgue o eleitorado. A segunda é que João não transfere voto. Não é o perfil dele. E ele ainda estará preocupado com sua eleição ao Senado.

A carta na manga é a máquina pública, que será usada para apoiar o candidato da base. Não se pode nunca diminuir o poder do uso governo numa eleição. E é nisso que o grupo se mantem unido. Mas quanto mais se aproxima de 2026, mas o café pode ir ficando frio, e aliados de hoje serem os adversários de amanhã.

O grupo de João, e talvez ele próprio, enxerga em Romero o candidato mais forte para suceder o governador. A estratégia de tira-lo da disputa de 2026 e acomoda-lo quietinho na Prefeitura de Campina Grande é a saída para amenizar as fraquezas da base. E ainda implodir os Cunha Lima. A questão é que Romero, se quisesse ser prefeito novamente, não precisaria do apoio do governo. O seu legado basta.

Mas tem que se aplaudir o modo cortês que João e Romero fazem política, deixando de fora, é claro, os aloprados de ambos os lados. O caminho natural de Romero é apoiar Bruno e ser candidato ao governo, ou até ao Senado em 2026. O resto é especulação.

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