Perícia realizada pela Polícia Federal aponta que réu chegou a Brasília no dia 8 de janeiro, em contradição à afirmação feita por Alexandre de Moraes
Por Redação
Brasília, 8 de novembro de 2023 – Uma perícia realizada pela Polícia Federal no celular de um dos réus acusados de envolvimento nos ataques de 8 de janeiro contradiz a informação utilizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), em sua decisão pela condenação do réu a 17 anos de prisão.
O laudo do Instituto Nacional de Criminalística, anexado à ação penal, afirma que o réu Eduardo Zeferino Englert, 42 anos, preso em flagrante dentro do Palácio do Planalto em 8 de janeiro, só chegou a Brasília às 14h15 daquele dia.
No entanto, o ministro Moraes havia afirmado que Englert chegou à capital no dia 7 de janeiro e permaneceu no acampamento bolsonarista montado em frente ao quartel-general do Exército até o dia seguinte.
Os dados que contradizem a decisão de Moraes foram obtidos a partir da análise das coordenadas geográficas registradas no celular apreendido com Englert. Segundo o laudo, no dia 6 de janeiro, ele saiu de Santa Maria (RS) e, até as 22h23 do dia 7, ainda estava em Ourinhos (SP). Às 13h54 do dia 8, ele passava pelo município de Santo Antônio do Descoberto (GO) e só depois chegou a Brasília.
O perito esclarece que os dados de geolocalização podem identificar o local de outro aparelho de telefone celular ou um local selecionado manualmente pelo usuário, portanto, é necessário usar outras informações para confirmar a localização.
Na decisão em que defendeu uma pena de 17 anos de prisão a Englert, Moraes escreveu que “existe prova contundente de que Eduardo Zeferino Englert chegou a Brasília no dia 7 de janeiro para a prática de crimes descritos na denúncia e ficou no QGEX [quartel-general do Exército, em Brasília] entre os dias 7 e 8 de janeiro”.
A defesa de Englert contestou essa afirmação, alegando que ele nunca esteve no acampamento bolsonarista e que chegou a Brasília no dia 8, às 13h45, onde ficou por uma hora, “sem qualquer passagem pelo QGEx”.
O caso foi reincluído no plenário virtual do STF, com data de início prevista para o dia 17 de novembro, o que permitirá que Moraes e o ministro André Mendonça registrem novos votos sobre o caso. Até o momento, o Supremo já condenou 20 réus por causa dos ataques de 8 de janeiro.
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