O maior aumento do ano impactou principalmente consumidores residenciais e pequenas e médias empresas, que registraram aumento de 8,2% em relação ao ano passado
As altas temperaturas registradas em setembro em todo o país refletiram no bolso do consumidor. As contas de energia — que chegaram no começo de outubro — vieram com reajuste para a maior parte das unidades e o país encerrou o último mês com aumento de 6,2% na demanda com relação a 2022. Isso representa uma carga média de 68.306 megawatts, conforme dados divulgados pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).
Aparelhos de ar-condicionado ligados por mais tempo, principalmente nas casas e em comércios de pequeno e médio porte, fizeram com que o consumo de energia nesses locais chegasse a 43.091 MW.
No bolso de quem paga a conta
O empresário Marcelo Passos mora em Brasília há 41 anos e conta que poucas vezes sentiu tanto calor. Com três aparelhos de ar-condicionado em casa, ele diz que abusou do conforto do eletrodoméstico e levou um susto quando a conta de luz chegou.
“A conta estava 25% mais cara que a de agosto. Ficamos assustados e resolvemos tentar um meio-termo. Para se refrescar mas não onerar tanto no fim do mês.” disse o empresário, que agora, com medo da próxima fatura, decidiu mudar a estratégia.
“Nós adotamos a seguinte medida de colocar timer, não dormir com o ar-condicionado ligado o tempo todo. Coloca o timer para quando determinada hora da noite e fica mais fresco, o ar-condicionado desliga. E vamos ver como é que isso vai refletir na conta de outubro, é um teste para tentar uma economia.”
A servidora pública Fernanda Vieira, moradora de Juiz de Fora (MG), também ficou assustada com o valor da conta de luz no mês passado. O consumo de agosto para setembro passou de 215 para 270 KW. “Um aumento R$ 60,00 na conta, mesmo deixando o chuveiro na posição verão e não tendo aparelho de ar-condicionado.”
Maior demanda no comércio e serviços
O levantamento da CCEE mostra que as maiores taxas de aumento de consumo de energia foram registradas no comércio — com alta de 15,1% — e nos serviços, aumento de 11,6% em relação a 2022.
Na clínica médica onde trabalha como gerente, em Cascavel no Paraná, Bruna Napoli conta que foi a primeira vez que — em pleno inverno — teve de deixar o ar-condicionado ligado por tanto tempo. “Os pacientes chegavam da rua com calor e tínhamos que deixar o ambiente fresco aqui dentro”, explica a gerente, que não está acostumada com temperaturas tão altas.
Segundo ela, a conta veio mais cara em outubro, “mas valeu a pena, porque ficamos confortáveis e deixamos nossos pacientes fresquinhos também”.
Mas o que fez a temperatura subir tanto?
O calorão fora de época foi causado, segundo a meteorologista Andrea Ramos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), pelo fenômeno El Niño.
“Ele aumenta o calor; ele tem dois sinais muito bem distintos aqui no Brasil. Na faixa Norte do país ele seca enquanto que na região Sul, ele promove aquelas chuvas como estamos vivenciando, transformações de baixa, frente e ciclones. Mas de modo geral faz muito calor.”
De acordo com OMM (Organização Meteorológica Mundial) os últimos três meses foram os mais quentes já registrados, com temperaturas ultrapassando os 41ºC, mesmo no inverno.
Fonte: Brasil 61
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