Mulher negra que superou a violência doméstica ajuda outras mulheres

Ana superou a violência e hoje ajuda na autoestima de pessoas negras

Dia 26 é celebrado o Dia Internacional da Igualdade Feminina, especialista em Diversidade e Inclusão, Ana Minuto, superou a violência doméstica, ajuda mulheres negras e vê na participação política o caminho para a transformação

Mulheres e meninas negras, nas periferias do Brasil e do mundo, sucumbem à violência doméstica, todos os dias. Ana Minuto conhece esta realidade por tê-la vivido, mas, diferente da grande maioria, Ana superou as estatísticas, com a ajuda de sua mãe, a qual, em reação ao ocorrido, criou a ONG Fala Negão Fala Mulher, que nos anos 90 ajudou centenas de mulheres em situação de violência, mostrando o poder da comunidade.

Segundo Ana Minuto – especialista em Diversidade e Inclusão, desenvolvimento humano, criadora de metodologia própria e eventos que resgatam a autoestima de empreendedores negros – o primeiro fator a prender uma mulher neste ciclo repetitivo é a dificuldade financeira, e em segundo a condição emocional: “Mulheres não se mantém em situação de violência doméstica porque acham ‘bonitinho’. Muitas vezes elas não têm condições financeiras nem força emocional pra se desvencilhar disso. No Brasil, que vem do processo escravocrata e da cultura do estupro, a gente não consegue entender essa violência ainda!”, esclarece a terapeuta.

A consultora vai além e esclarece que este cenário é fomentado pela desigualdade entre homens e mulheres sejam elas educacionais, financeiras, trabalhistas entre outras, ou seja, é uma questão estrutural. Em uma lista de 146 países, o Brasil aparece em 94º lugar no ranking da Igualdade de Gênero, do Fórum Econômico Mundial, relatório anual, apresentado em julho deste ano. Além disso, as mulheres não são representadas, é fácil reconhecer isso no atual cenário político brasileiro, no qual a grande maioria é homem, branco, acima de 45 anos, hétero, cis, de classe média, alta.

Entretanto, segundo dados publicados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nestas eleições pela primeira vez o número de candidatos negros e mulheres é maior do que o de candidatos brancos, mas, Ana alerta que isto não é suficiente ainda: “o número de candidatos aumentou, mas ainda me pergunto se este aumento será refletido nas urnas. Será que o número de eleitos mulheres e negros também será maior? Os eleitores percebem a importância de votar em quem os represente?”, questiona.

Estas observações são importantes pois, como salienta a consultora: “Não existe uma mudança estrutural em nenhum lugar do mundo se nós não começarmos pela política”, aponta a especialista.

Segundo a consultora, por meio desta representatividade e diversidade é possível criar políticas públicas inclusivas voltadas à população menos favorecida, além de conseguir fazer uma transformação na sociedade, assim o circuito estará completo: mulheres resgatando sua autoestima, em igualdade de condições e com políticas públicas fomentando e sustentando as transformações estruturais necessárias. Com este tripé passando pelo individual, parcerias e setor público poderemos, enfim, comemorar o Dia Internacional da Igualdade Feminina!

Mais sobre Ana Minuto

Ela é criadora da Minuto Consultoria Empresarial & Carreira, que através de palestras, workshops, cursos e processos de coaching coloca em prática uma metodologia para ajudar pessoas negras a desenvolverem autoconfiança e autoestima e, assim impulsionarem sua carreira profissional. Além disso, é LinkedIn Top Voice & Creator 2022 e cocriadora do Potências Negras Summit, o maior evento online de carreira focada na população negra que chega a atingir 5 milhões de pessoas em 20 países, escreveu o Livro 15 Segredos da Prosperidade, é coautora de Quais de Mim Você Procura e Dicas de Empreendedores e, acaba de lançar o livro Empreendedorismo da Mulher Negra – A Potência, pela editora Conquista, como coautora

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