DF| Equipes de Saúde da Família cadastraram 1,3 milhão de pessoas desde 2019

Esse número é três vezes maior que os 400 mil cadastros feitos até o início desta gestão. Agentes comunitários visitam as regiões para aproximar a população dos serviços oferecidos nas UBSs

Todos os dias, às 9h, as agentes comunitárias de saúde Maria Concilene Julião e Evanilda Correia da Silva percorrem as ruas da área sul de Samambaia para cadastrar e fazer o acompanhamento de moradores da região administrativa. Elas têm a tarefa de aproximar a comunidade dos serviços oferecidos pelas unidades básicas de saúde (UBSs) de referência. 

Agentes comunitárias fazem cadastros e identificam situações de risco de saúde para encaminhamento às unidades básicas de saúde | Fotos: Sandro Araújo/Agência Saúde

É nessa conversa do dia a dia que as agentes identificam situações de risco e direcionam os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) ao atendimento. A iniciativa faz parte do programa Estratégia Saúde da Família (ESF), da Secretaria de Saúde (SES). Desde 2019, devido à visitação, foram cadastradas 1,3 milhão de pessoas na atenção primária no DF, passando de 400 mil para o número atual de 1,7 milhão de cadastros.

“A gente anda aqui e é parado o tempo todo porque as pessoas já nos conhecem, querem tirar dúvida, contar uma história, dar um retorno de um parente que foi hospitalizado, e assim vai”, diz a agente Maria Concilene.

Em poucos minutos, a fala dela é confirmada. A vendedora de marmitas Estela dos Santos Pereira, 61 anos, viu as agentes na rua em que mora e saiu de casa já com a caderneta de vacinação do neto na mão. Ele queria saber se estava tudo em dia com a imunização do menino. “Eu ia lá no postinho [UBS], mas encontrei as meninas e aproveitei”, admite.

Ao avistar as agentes comunitárias na rua, Estela dos Santos tirou dúvidas sobre vacinação.

“São os meus anjos da guarda. O postinho é a melhor coisa que aconteceu aqui”, diz a vendedora de roupas Claudimira Antunes, 62 anos. Além de ser hipertensa, com acompanhamento médico semestral na UBS, ela tem uma leve dificuldade auditiva. Ao encontrar as agentes comunitárias, Claudimira foi informada sobre a data do agendamento com otorrino. “Eles ligam, quando não atendo, vêm aqui e assim não perco os dias da consulta com o médico.”

A agente Evanilda explica que, quando não se trata de marcação com especialista, que tem de ser entregue em mãos, o aviso é deixado na caixa da correspondência ou colocado debaixo da porta. “Fazemos de tudo para que a pessoa não perca a consulta”, ressalta. Esses agendamentos são feitos pelo Sistema de Regulação, o Sisreg III, empregado pela rede pública de saúde do DF para organização da fila de solicitações de exames, consultas, procedimentos e cirurgias eletivas.

Na porta de casa

A zeladora Juliana de Oliveira Barreto, 40 anos, mudou-se recentemente para Samambaia e precisou fazer o cadastro na base de dados da estratégia da família. “O fato de ter esse acompanhamento dá vontade de cadastrar. Vai ser bom para mim e minha família”, afirma. A equipe da UBS 9 de Samambaia tem 3.742 pessoas cadastradas que são acompanhadas mensalmente.

O trabalho dos agentes comunitários é só uma ponta da ESF. As equipes são formadas por médico, enfermeiro de família, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde – que oferecem a primeira assistência ao cidadão, no nível da atenção primária. Os agentes vão de porta em porta, mas há casos em que enfermeiros também desempenham essa atividade quando o paciente precisa de apoios específicos, como troca de curativos.

Cobertura

“Esse modelo que chega na casa das pessoas, na vida cotidiana delas, consegue acompanhar mais, entender as competências culturais, a orientação daquela família, e assim promover a saúde no sentido de dar qualidade de vida”, afirma o médico Fernando Erick Damasceno Moreira, coordenador de Atenção Primária à Saúde.

Ele explica que a iniciativa acompanha as pessoas ao longo da vida, entendendo as demandas prevalentes e as dimensões do problema. “A Estratégia da Saúde da Família é a porta de entrada do SUS, e esse contato deve começar antes mesmo do nascimento de cada indivíduo, com um bom pré-natal, um acompanhamento do desenvolvimento e do crescimento das crianças, para resolver as questões das doenças crônicas não transmissíveis”, detalha Damasceno.

A cobertura leva em consideração o número absoluto da população e a cadastrada no SUS. Há 598 equipes credenciadas pelo Ministério da Saúde e cerca de 7 mil trabalhadores. Todas as 176 unidades básicas de saúde do DF contam com essas equipes. Hoje, as UBSs conseguem cobrir aproximadamente 55,5% da população que necessita do atendimento do SUS. O coordenador lembra que a meta é cadastrar toda a população do DF.

*Com informações da Secretaria de Saúde

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