Demanda por sangue no DF aumenta 30%, enquanto doação em junho cai 20%

Hemocentro de Brasília reforça desinfecção e tem atendido só por agendamento, de modo a garantir a segurança dos doadores

Marília Rabello, de 52 anos, doa sangue há 15. No início, comparecia ao Hemocentro de Brasília esporadicamente. Quando o pai teve um problema grave de saúde e precisou de uma transfusão, no entanto, seu olhar sobre a relevância da doação frequente mudou. Ao perceber quão rápida foi a reação do pai ao receber o sangue, fez um compromisso consigo mesma: comparecer ao Hemocentro de Brasília de quatro em quatro meses, religiosamente.

O compromisso foi mantido, inclusive durante a quarentena, o que ajudou a reforçar o estoque do hemocentro nos primeiros meses de 2020. Mas o movimento de doadores, que começou bem o ano, vem caindo nos últimos dias e está 20% menor desde 1º de junho. Como agravante, a demanda por unidades de coleta de sangue aumentou cerca de 30% – provocada, principalmente, pelo número de transplantes que têm sido realizados no Distrito Federal.

A média entre março e maio deste ano foi de 150 bolsas de sangue coletadas por dia, mas chegou a 120 na primeira quinzena de junho.

Cuidados

Gerente do Ciclo do Doador, Anne Ferreira garante que, diante da pandemia de Covid-19, todas as medidas para resguardar a segurança de profissionais e doadores têm sido tomadas pelo Hemocentro de Brasília, da desinfecção permanente a mudanças no atendimento. A principal delas é o agendamento obrigatório, providência que visa evitar aglomerações principalmente nos horários de pico.

O horário de atendimento não foi alterado pela pandemia – o hemocentro abre de segunda a sábado, exceto em feriados, das 7h às 18h.

“As doações não podem parar porque a necessidade das pessoas por sangue não para. Acidentes, pacientes em tratamentos de saúde, com anemia, com cirurgias marcadas, requerem os estoques de sangue dos hospitais de Brasília abastecidos”, ressalta Anne.

Campanha voluntária

Doadora voluntária desde os 18 anos, a servidora pública Ângela José Luiz, de 39, esteve no Hemocentro nesta semana. Saiu de Padre Bernardo (GO), onde mora, só para ir ao centro de coleta, no Plano Piloto. São cerca de 110 quilômetros de distância entre as duas cidades, uma viagem de automóvel que chega a consumir duas horas.

Decidiu não faltar ao compromisso de doar sangue três vezes por ano e disse que, se percebe a redução no estoque pelo noticiário ou pelas redes sociais, começa a fazer companhas voluntárias com amigos e parentes, para que eles reforcem o abastecimento do Hemocentro.

Sua consciência foi reforçada depois que um primo chegou ao Hospital de Base precisando de sangue, ocasião em que havia quase cem pacientes à espera de doação na fila. “Doar sangue não custa nada e é um ato de amor, de se colocar no lugar do outro e pensar que poderia ser você. É empatia”, resume.

O Hemocentro de Brasília mantém um estoque estratégico que pode abastecer toda a rede pública do DF e hospitais conveniados, de dois a sete dias, a depender do hemocomponente (hemácia, plasma ou plaqueta), se não houver qualquer doação de sangue neste período. A plaqueta é o hemocomponente com validade mais curta, de apenas cinco dias. O monitoramento para manter os níveis seguros é feito diariamente e está disponível no site do Hemocentro.

Como agendar

Para fazer o agendamento individual de doação de sangue, deve-se ligar no 160 (opção 2) ou no 0800 644 0160. Este atendimento telefônico fica disponível de segunda a sexta-feira, das 7h às 21h, e aos sábados, domingos e feriados, das 8h às 18h.

Já os agendamentos individual e coletivo para doação de sangue, ou mesmo o cadastro como doador de medula óssea, devem ser feitos pelos telefones (61) 3327-4447 ou (61) 3327-4413, de segunda a sábado, exceto em feriados, também das 7h às 18h.

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