Por Nielmar de Oliveira
De hoje (23) até o próximo sábado, dia 25, o palacete da Casa da Moeda, no centro do Rio, levará gratuitamente ao público informações sobre a ciência que estuda o dinheiro. A ideia é, a partir da numismática, incentivar o colecionismo de medalhas, moedas, cédulas e selos postais.
O evento teve início hoje quando a empresa lançou o novo conjunto de medalhas coloridas: a série Bichos do Real, com os animais que estampam as cédulas da segunda família do Real.
Lá estão, entre muitas, a tartaruga-pente, que estampa a cédula de R$ 2; a garça branca grande (R$ 5); a arara vermelha (R$ 10); o mico-leão- dourado (R$ 20); a onça pintada (R$ 50) e também a garoupa (R$ 100).
E ao lirismo da exposição se segue uma proposta inovadora e sustentável: a produção das peças é feita com metais reciclados e as medalhas usam matéria- prima florestal certificada no papel autoadesivo das cartelas das medalhas.
A Casa da Moeda vai doar parte da renda das medalhas ao projeto Tamar, organização não governamental atuante na preservação de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção e um dos mais ambiciosos projetos de recuperação e preservação de espécies ameaçadas no país.
Com entrada gratuita, a mostra oferece uma programação diversificada para levar maior conhecimento sobre a numismática e o colecionismo.
Com ciclo de palestras, exposições e espaços para negócios, a promoção oferece aos colecionadores e simpatizantes da numismática e da filatelia três dias para conhecer, apreciar e trocar cédulas, moedas, medalhas e selos postais, entre muitos outros itens expostos por colecionadores de todo o país.
Prédio tem grande valor histórico
Mais que um palacete de quase 200 anos, o prédio da Casa da Moeda é uma obra de grande valor histórico para a memória do país.
Foi neste imóvel que Dom João VI abrigou o primeiro museu do país – o Museu Real -, criado por decreto em 6 de junho de 1818, há exatos 200 anos.
Com a evolução da monarquia para o império e depois para a república, o museu é rebatizado de Imperial e Nacional. Desde então, passou por constantes processos de mutações até se reinventar como sede da Casa da Moeda.
Antes, em 1892, com a transferência do Museu Nacional para a Quinta da Boa Vista, onde está até hoje, o palacete passou a ser a sede da Superintendência de Guerra e do Fórum do Rio de Janeiro.
Em 1907, abrigou o Arquivo Nacional, que funcionou ali até 1985 e fez inúmeras reformas internas e externas, descaracterizando as plantas originais.
Foi ainda na fase do Arquivo Nacional que se instalou no prédio o primeiro elevador elétrico do Brasil, possivelmente também o primeiro na América Latina. Entre 1988 e 1998, o imóvel foi ocupado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Em 2016 o prédio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan.
Mas as mutações por que passou o palacete não param por aí: suas fachadas originais foram associadas ao período de transição que marcou a passagem da arquitetura da fase colonial para a neoclássica.
Durante o processo de restauro, foi encontrado um sítio arqueológico e houve um estudo, realizado com o apoio do Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB) e acompanhamento da Subsecretaria de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design e do próprio Iphan.
O estudo levou à descoberta de mais de 50 mil artefatos arqueológicos de diferentes tipos, materiais e classes dos séculos 18 e 19: cerâmicas, louças, porcelanas, cachimbos, moedas e cadinhos, pisos pé-de-moleque, baldrames e materiais associados a escravizados africanos foram encontrados. Desde então, todo este acervo está sob a guarda da Casa da Moeda.
Seja o primeiro a comentar on "Colecionismo em Movimento conta, no Rio, história através do dinheiro"