Por Delmo Menezes
“Poucos querem fazer política voltada aos interesses da população. A grande maioria pensa em primeiro lugar, nos seus próprios interesses e nos seus apadrinhados políticos”.
Para o filósofo Aristóteles, política não é meramente uma luta para satisfazer as necessidades materiais em um contexto de escassez. Política é acima de tudo, uma arte de negociação para compatibilizar interesses, que é a ciência de governar. E como governar, num cenário tão nebuloso, corrompido por interesses os mais variados possíveis, num clima de total desconfiança, principalmente pela população, que na maioria das vezes, fica a parte de todo o processo, e pouco ou quase nunca é consultada.
A verdade é que o povo está desacreditado com os políticos, e vimos a cada ano, o número de pessoas aumentar cada vez mais. Em várias rodas de conversas, se você for perguntar “o que acha deste ou daquele político”, as pessoas já fazem cara de que não estão gostando nada do “papo”. Logo vem à mente, corrupção, roubo, delação, lava-jato, e por aí vai. O que fazer então, ficarmos acomodados ou partirmos para luta, com o objetivo de mudarmos o quadro que aí se encontra? Afinal somos nós que pagamos a conta, e pagamos um preço alto por isso.
Daqui a alguns dias, teremos mais uma eleição, desta vez para prefeitos e vereadores de todo Brasil, com exceção do Distrito Federal. Tirando os cabos eleitorais e os próprios candidatos, podemos perceber claramente, a falta de interesse do eleitorado nestas eleições. Como tantas outras, vamos ver pessoas sem nenhuma qualificação e sem nenhum projeto político, para representar o povo nos 5.570 municípios espalhados por todo o país.
A política e suas facetas
Convivemos cada vez mais próximos da impunidade, da corrupção e do descaso com o povo. Nosso sistema de saúde está falido. Faltam médicos, faltam remédios e sobram filas nos hospitais. Nossa educação, está cada vez mais precária. Educação exige comprometimento com a cultura, com o ensino, com os educadores. E agora perdemos também nosso censo de segurança. Somos acuados dentro de nossas casas com medo de ataque de bandidos. Já não podemos andar livremente nas ruas. Queimam ônibus, matam policiais, aliciam nossos filhos.
A seriedade de nossos governantes virou utopia, e os poucos que são honestos, ou são omissos ou coniventes com os desonestos.
Na realidade, poucos querem fazer política voltada aos interesses da população. A grande maioria pensa em primeiro lugar, nos seus próprios interesses, nos seus apadrinhados políticos, na sua “aposentadoria”. Aproveitam o púlpito do plenário da Câmara, para durante quatro anos, fazer discursos demagógicos e populistas, quase sempre sem nenhuma consistência e nada do que se possa aproveitar, isto sem falar, nos projetos de leis quase sempre inexequíveis ou inconstitucionais.
Muitos trocam de partido político, como se troca de roupa. Outros usam de sua posição relevante, para barganhar cargos públicos a seus familiares e apadrinhados, quase sempre sem nenhuma qualificação, em troca de apoio político. Em virtude disso, acabamos vendo cenas lamentáveis, envolvendo políticos da pior espécie possível, denegrindo ainda mais o parlamento brasileiro. Perdemos o sentido do digno, do justo, do honesto, do sério.
É preciso saber votar, escolher bem nossos representantes, e parar de se acovardar e omitir-se. Afinal de contas, somos brasileiros e não desistimos nunca. Somos especiais e felizes, apesar da controvérsia social que aflige nosso país.
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