Por Moisés Rabinovici*
O motivo da disputa que transbordou para a lira é o pastor norte-americano Andrew Brunson, preso na Turquia desde 2016, acusado de espionagem. Para os Estados Unidos, ele é um refém político que deve ser libertado imediatamente.
O presidente Erdogan ameaça trocar a parceria com Washington por Moscou e se queixa que um pastor valha mais do que ele, um estratégico membro da Aliança do Atlântico Norte, OTAN. A diplomacia da força de Trump impôs sobretaxas ao aço e alumínio à Turquia. E o Congresso americano aprovou uma legislação que condiciona a entrega de aviões F-35 à força aérea turca à libertação do pastor.
Erdogan e Trump também estão em campos opostos na Síria, um atacando e outro protegendo os curdos. O que pode a Turquia, como retaliação, é comprar petróleo iraniano, violando as sanções com as quais os Estados Unidos pretendem sufocar o Irã. O tombo da lira leva junto outras moedas de países emergentes e detona o alarme em vários bancos europeus que guardam ativos turcos.
O próprio Erdogan tem certa culpa na crise financeira: ele apostou que juros baixos resultariam em inflação baixa e nomeou o seu genro como ministro das Finanças. O resultado: a inflação, na verdade, saiu de controle, agora em 15,9% quando deveria estar em 5% Há um provérbio turco que o presidente Erdogan parece ter esquecido: Escute cem vezes, pondere mil e fale apenas uma vez.
Na manhã de hoje (13), Moscou deu seu aval para a Turquia negociar em moedas locais, abandonando o dólar. Os países mencionados pelo Kremlin são a China, Rússia e a Ucrânia. A lira caía 7,24% diante do dólar na abertura das bolsas asiáticas.
*O jornalista Moisés Rabinovici é comentarista da Rádio Nacional e apresentador do programa Um olhar sobre o Mundo, na TV Brasil.
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