Sebrae e Susipe estimulam empreendedorismo entre detentas no Pará

Belém (PA) – De interna do sistema penitenciário a empreendedora: esta é a transformação que o curso “Mulher Empreendedora” quer provocar na vida de 25 internas da Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), que funciona dentro do Centro de Recuperação Feminino (CRF), em Ananindeua. O curso é uma parceria da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

A meta é desenvolver competências, identificar e fortalecer comportamentos empreendedores entres as detentas. Durante as aulas, elas vão aprender a criar, manter e expandir negócios.

Novos horizontes – Lilian Pinheiro Dias, consultora do Sebrae, ressalta que o curso ajudará as internas a comecar a pensar em modelos de negócio. “Nós primero identificamos as característica de empreendedorismo que cada uma delas tem. E tentamos despertar a vontade de dar início a um projeto. Aqui nós trabalhamos também a autoestima dessas mulheres e fazemos que compreendam do que elas são capazes”. A consultora ressalta que essa é uma metodologia utilizada para mulheres inseridas em contextos de baixos índices de desenvolvimento humano. “Trabalhamos a identidade e o fortalecimento dessas mulheres, apontando qualidades para o empreendedorismo”.

A possibilidade de abrir o próprio negócio e conseguir renda despertou a curiosidade e atenção das detentas. “É um curso muito importante. Pra gente que está querendo montar o nosso próprio negócio, é um conhecimento a mais, principalmente para nós que estamos aqui dentro”, diz a detenta Kely Ávila, de 34 anos. Kely trabalha na Coostafe há um ano, mas não sabia por onde começar a ter uma empresa. “Agora a consultora veio aqui nos ensinar a integrar o nosso trabalho, com o que estamos querendo desenvolver. Quando sair daqui pretendo abrir um restaurante e também fazer artesanato, que são duas coisas que amo fazer”.

Mulheres nos negócios – O Brasil possui mais de 7 milhões de mulheres empreendedoras. Isso representa 31,1% do total de 23,5 milhões de empreendedores que empregam pessoas hoje no País, aponta estudo do Sebrae divulgado em 2015. “É a primeira vez que o curso acontece aqui dentro do presídio e acredito que é uma grande oportunidade para que essas mulheres possam montar os próprios negócios, quando saírem daqui, e escolherem outro caminho de vida. Elas são muito talentosas e muitas delas têm grandes chances de ter um empreendimento de sucesso. Apesar disso, muitas não tinham sequer ideia de como poderiam começar e o curso já direcionou um caminho”, destacou a vice-diretora do CRF, Kelly Fiel.

O empreendedorismo vem se firmando como uma poderosa estratégia de inclusão social no Brasil. Aos 26 anos, a detenta Maria Jusceli já pensa em abrir o próprio empreendimento após cumprir o que falta da pena. “Já trabalho há um ano na Coostafe e gosto muito do que faço. Esse curso do Sebrae veio trazer o aperfeiçoamento que a gente precisava. Aqui eu aprendi a bordar, fazer crochê, artesanato. Com isso eu posso conseguir uma boa renda quando sair daqui”, planeja.

Coostafe – A Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora é a primeira formada exclusivamente por mulheres presas no país. Em quase dois anos de existência, mais de 100 mulheres presas já passaram pela cooperativa.

Para consultar as peças disponíveis para venda, os consumidores podem acessar o perfil @coostafe no Instragam ou no site da cooperativa na web: acesse aqui. O envio é realizado para todo o Brasil, via Correios. O custo da remessa é acrescido ao valor final do produto.

Além disso, todos os sábados e domingos, as internas da Coostafe também comercializam os produtos na Praça da Bíblia, em Ananindeua, e também na Praça da República, em Belém. Quem tiver interesse nas peças produzidas pelas detentas pode entrar em contato pelos telefones: (91) 98030 4370 e 98842 3479.

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