Trump tinha previsto viajar para Flórida com o objetivo de comemorar a data com uma grande festa em sua mansão Mar-a-Lago, em Palm Beach, mas teve que cancelar o voo e ficar em Washington diante da possibilidade de um iminente fechamento de governo, o que realmente ocorreu.
Esse é o primeiro fechamento do Executivo desde outubro de 2013, quando o então presidente Barack Obama enfrentou 16 dias de paralisação com o bloqueio exercido pelos republicanos.
Na ocasião, Obama mandou mais de 800 mil funcionários públicos – aqueles considerados “não essenciais” – para suas casas, fechou museus e parques nacionais, além de cancelar tratamentos experimentais em centros federais de pesquisa médica.
O governo de Trump disse ontem (19) que, desta vez, tentará minimizar o impacto no povo americano, evitando, por exemplo, o fechamento dos parques nacionais.
No entanto, a Casa Branca já anunciou que vai dispensar mais de 1 mil de seus 1.715 funcionários, e o secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, disse que algumas operações militares de inteligência ficam suspensas à espera de fundos.
A proposta derrubada pelo Senado no final da noite de ontem proporcionou ao governo o financiamento apenas até o dia 16 de fevereiro, prolongando assim o prazo de negociação entre democratas e republicanos para os orçamentos definitivos.
Além da pressão dos democratas ao governo de Trump, o “xis” da questão do atual fechamento está no futuro dos aproximadamente 800 mil jovens indocumentados conhecidos como “sonhadores”.
O status legal com o qual o ex-presidente Barack Obama dotou a esses jovens, expira no próximo dia 5 de março, data a partir da qual poderiam ser deportados, após Trump ter acabado com o programa que os protege.
Os democratas condicionaram seu apoio às contas de que Trump e os republicanos concordassem em regularizar a situação deles, mas não deram o braço a torcer.
Logo assim que foi consumado o fechamento, a Casa Branca emitiu um comunicado advertindo aos democratas que “não negociará” o status dos “sonhadores” para obter novos fundos e que não vai sentar para falar sobre a reforma migratória até que desbloqueiem a situação.
“Não negociaremos a situação dos imigrantes ilegais, enquanto os democratas mantêm nossos cidadãos legais reféns das suas irresponsáveis exigências. Este é um comportamento de perdedores obstrucionistas, não de legisladores”, diz a nota a Casa Branca.
Com o governo fechado, republicanos e democratas já começaram algumas negociações contrarrelógio, onde ambos tentarão não ficar diante do povo americano como os responsáveis da situação de paralisia em que mergulharam o Executivo.
Os dois partidos estão conscientes que enfrentam as eleições para o Congresso em novembro e enquanto os democratas não pretendem arriscar as cadeiras que apostam, os republicanos não querem ser vistos como incapazes de administrar sua maioria.
É, de fato, a primeira vez na história que um fechamento de governo acontece com um mesmo partido, neste caso o republicano, controlando a Casa Branca e as duas câmaras legislativas.
O líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, já iniciou os trâmites para levar a votação uma nova proposta para financiar ao governo até o dia 8 de fevereiro, ao invés do dia 16, embora não seja claro que tenha o apoio dos democratas.
Por sua vez, o líder democrata, Chuck Schumer, disse que Trump e ele tinham negociado já um acordo ontem à tarde, mas acusou o presidente de recuar diante das pressões do seu partido.
Na ausência de consequências mais graves, os democratas conseguiram arruinar a festa de Trump em comemoração a seu primeiro ano na Casa Branca.
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