Vítimas e familiares com traumas por violência têm apoio de programa do governo

Rosane D’Aqui perdeu um filho de 22 anos em um atropelamento. Para se reerguer psicologicamente, foi acompanhada pelo Pró-Vítima, da Secretaria de Justiça e Cidadania

Todos os dias, Paulo D’Aqui chegava do trabalho por volta das 21 horas, descia em uma parada de ônibus e caminhava pouco mais de 500 metros de volta para casa no Park Way. Em 10 de dezembro de 2008, o trajeto era o mesmo, mas teve um outro desfecho. Naquela quarta-feira, Paulo sofreu um atropelamento. O motorista fugiu, e o corpo do jovem, de 22 anos, foi encontrado na manhã seguinte pelo entregador de jornal.

Rosane D’Aqui perdeu o filho de 22 anos em um atropelamento. Para se reerguer psicologicamente, é acompanhada pelo Pró-Vítima, da Secretaria de Justiça e Cidadania.

A notícia chegou como uma bomba para a mãe de Paulo, Rosane D’Aqui, de 61 anos, que começou a procurar pelo culpado. Um mês depois, um homem que à época tinha 46 anos confessou o crime. Na sentença, foi inocentado por falta de provas.

O caso repercutiu em 2009 com a história estampada em capas de jornais. Por causa do impacto midiático, o programa Pró-Vítima — da Subsecretaria de Proteção às Vítimas de Violência, da Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal — entrou em contato com Rosane.

O serviço dá apoio nos eixos psicológico, social e jurídico — com advogados que podem dar continuidade aos processos. Os atendimentos são individuais e gratuitos. Ainda há palestras e reuniões de grupo com outros familiares e vítimas.

Para Rosane, o programa ajudou em sua recuperação social. Ela ressalta que os encontros em grupos foram importantes para mostrar pessoas em situações parecidas. “É como ter uma profissão que ninguém mais na família tem; você quer falar sobre o assunto, trocar experiências, mas ninguém entende. Podem até imaginar, mas não sabem”, diz, em relação à perda de um dos três filhos.

Como ingressar no Pró-Vítima

  • Espontaneamente: quando a vítima de violência procura pessoalmente um dos postos de atendimento.
  • Por resgate: quando a Polícia Civil age com base em boletins de ocorrências de crimes violentos.
  • Por encaminhamento: quando a vítima é levada ao programa por instituições governamentais ou não governamentais.
  • Por contato direto: quando representantes do programa entram em contato com a pessoa agredida. Geralmente, isso ocorre quando o caso tem repercussão na mídia.

O programa Pró-Vítima é de assistência multidisciplinar a vítimas de violência. No primeiro acompanhamento, um advogado, um assistente social e um psicólogo avaliam os encaminhamentos necessários. “Às vezes a situação jurídica já se resolveu. Os envolvidos foram condenados, mas a situação psicológica da vítima ou da família continua sem solução”, afirma a subsecretária de Proteção às Vítimas de Violência, da Secretaria de Justiça e Cidadania, Camila Cabral.

1.057 atendimentos de janeiro a abril. Em 2015, foram 2.898

Além das vítimas, o programa oferece apoio aos familiares das pessoas que passaram por situações traumáticas. O Pró-Vítima atende em casos de acidente de trânsito, desaparecimento de pessoas, estupro, estupro de vulnerável (crianças), feminicídio, homicídio (tentativa também está incluído), latrocínio,Lei Maria da Penha, roubo com restrição de liberdade, sequestro e violência familiar.

Em média, são 12 sessões de atendimento psicológico. Mas, caso seja necessário, essa quantidade pode aumentar. De acordo com a subsecretária Camila, o importante é que a vítima consiga se incluir socialmente. De janeiro a abril, o programa fez 1.057 atendimentos. Em 2015, foram 2.898. A verba destinada para o programa é de R$ 20 mil, são quatro psicólogos e dois exclusivos para crianças.

Saiba onde estão os postos de atendimento do Pró-Vítima

Sede
Estação Rodoferroviária, Ala Central, Térreo
(61) 2104-1934 e 2104-1953

Paranoá
Quadra 5, Conjunto 3, Área Especial D, Parque de Obras
(61) 2104-1191 e 2104-1195

Guará
QELC Alpendre dos Jovens, Lúcio Costa, Guará
(61) 2104-0280 2104-0281

Ceilândia
EQNN 5/7, Área Especial C, Ceilândia Norte
(61) 2196-2704 e 2196- 2706

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