Por Ricardo Faria
Mesmo afastado, presidente da Câmara continua dando as cartas na política brasileira
A Câmara dos Deputados ferve em seus bastidores. E não é por conta da extensa pauta de votações que está parada na Casa, mas sim para saber quem irá substituir o quase ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ).
Presidente Cunha já não o é há tempos, graças ao STF. Seu mandato, só através de um milagre consegue salvá-lo. E o que lhe resta? Manobrar para conseguir eleger um dos poucos aliados que ainda possui dentro do Parlamento, e com isso, manter influência, até que a justiça o enquadre.
Nos últimos dias, com o agravamento da situação política de Cunha, nomes estão sendo ventilados para o seu lugar, entretanto nenhum ainda desponta como franco favorito, tendo em vista que os principais postulantes ao cargo não estariam interessados em um “mandato tampão”, já que o regimento interno da Câmara proíbe a reeleição.
É sabido que o inoperante Waldir Maranhão (PP-MA), invenção de Cunha, está com os dias contados como interino. O político, considerado do “baixo clero”, viu-se isolado, e o pouco, ou nenhum diálogo com os seus pares no parlamento, não lhe dará sustentação para seguir nem mesmo na nova composição de uma futura Mesa Diretora da Câmara, mesmo que conte com o apoio de Cunha. Faltou-lhe liderança e firmeza após assumir.
Os últimos detalhes da sucessão estão sendo ajustados pelo bloco nomeado de “Centrão”, que é composto por PP, PR, PSD, PTB e PRB. Três nomes foram escolhidos, o do goiano Jovair Arantes (PTB-GO), que nega uma candidatura, o enigmático Rogério Rosso (PSD/DF), ou o capixaba Carlos Manato (SD-ES), ambos com a chancela de Eduardo Cunha.
Mas e onde ficam o PT e o PSDB? Se os caciques de ambos os partidos não se atentarem para o jogo político, as duas siglas irão ver um presidente tampão da Câmara aliado a Cunha, que seguirá dando as cartas até que seja definitivamente retirado da vida pública pela justiça.
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