“Chegamos numa situação financeira muito difícil. Passei um ano riscando seringa [colhendo látex], peguei esse dinheiro e investi em banana. Comecei com 1.600 pés, e paralelamente peguei outros trabalhos para continuar investindo. Apesar das variações do comércio, nunca parei de plantar. Para o ano que vem, quero ter 100 mil pés cultivados”.
Raul Gonçalves, produtor rural
A propriedade dele está situada no Ramal Linha 1, em Acrelândia. O munícipio lidera o ranking de produção no estado, com mais de 18 toneladas/ano e rendimento médio de 13,8 toneladas por hectare (ha) – próximo da média nacional, de 14,35 t/ha (IBGE, 2014).
Com investimentos superiores a R$ 1 milhão, em sua propriedade o empresário exporta toda a produção para o Amazonas e Mato Grosso. A bananicultura virou negócio de família. Os dois filhos auxiliam o pai na administração, que formalizou quatro novos postos de trabalho e em período de colheita gera mais de 15 empregos temporários.
O empresário também atua na criação de gado de corte e produção de café, mas o carro-chefe da renda familiar vem do cultivo da banana. “Resolvi investir em gado também, mas se eu não tivesse a banana, o gado não renderia. Se dependesse só do gado para sobreviver, eu viveria, mas não cresceria”, observa Gonçalves.
Mercado consumidor
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a banana é o quarto produto mais consumido no mundo e é cultivada em quase todas as regiões tropicais do planeta.
No Brasil, a fruta tem forte aceitação e grande consumo, não apenas como fonte de sais minerais e vitaminas, mas como fonte de complementação calórica na dieta alimentar.
No Acre, a bananicultura tem papel expressivo na produção agrícola, principalmente pelas facilidades de produção, geradas pelo clima e incentivos produtivos do governo do Estado.
Grande parte da produção de banana acreana é absorvida pelo mercado local. O restante é exportado para Rondônia, Amazonas e Mato Grosso.
Governo parceiro
O Estado estimula a produção por meio da oferta gratuita de assistência técnica para combater as principais pragas, ao tempo em que distribui mudas resistentes às doenças.
A Secretaria de Estado Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) também oferta aos produtores rurais cursos de capacitações para transporte adequado da banana, auxiliando ainda na comercialização do produto. O apoio logístico fica por conta da Secretaria de Agricultura e Pecuária (Seap).
Mitigação de riscos
O combate às pragas é uma das preocupações do governo, que, por meio da Seap, Seaprof, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idafa), com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), está em fase de elaboração de um Sistema de Mitigação de Riscos, que deve ser implantado até o fim da gestão do governador Tião Viana.
O sistema será aplicado, principalmente, nas áreas em que for detectada a presença da sigatoka-negra – doença mais destrutiva da cultura da bananeira –, possibilitando aos produtores a manutenção das atividades e comercialização para todas as unidades da federação, por meio da emissão do Certificado Fitossanitário de Origem.
Capacitações técnicas, fundamentais na transferência de tecnologias, ligam o bananicultor com o que há de mais moderno no cultivo da bananeira no Brasil. “Aqui no Acre não é diferente. Nós também estamos estudando e repassando tecnologias aos produtores. Além disso, atuamos no incentivo à produção, auxiliando na colheita e escoamento dos produtos”, enfatiza José Reis, titular da Seap.
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